sexta-feira, 1 de abril de 2011

Ordem do Saber


Diário

25/01/2011

Esta é a história não contada. A história guardada, não revelada a ninguém sobre a vida.

A vida que nos arrasa. A vida em que estamos de olhos abertos a tudo, menos ao que nos dá visão. Enxergamos o escuro, porque a luz não chega a penetrar em nossos olhos. Quando penetra, estamos ocupados demais com nossos problemas a ponto de usarmos os óculos escuros, de tão forte que é a luz. De tanta dor na vista que ela nos causa. A luz nos ofusca. E o que fazemos quando algo nos machuca? Defendemos-nos. Escondemos-nos. Protegemos-nos. Afastamos-nos.

Uns vivem 5 dias que valem por 30.000. Outros que vivem 30.000 dias que não valem por 5. Alguns nascem tristes, outros fingem estar felizes. Outros vivem sem emoção, outros buscam emoções no escuro. No final tudo se resume entre estar no escuro ou na claridão. É o que se vive apostando a própria vida. Quando o coração está em jogo, a vida espera. Quando a vida está em jogo, o coração não pode esperar.

Talvez seja como arrancar um dente. Dói, mas é necessário. Mais vale perder um dente do que a boca inteira. Mas a cicatriz do dente sempre ficará em sua boca. Você sempre se lembrará daquilo que lhe foi tirado, do que você teve que largar para que sua boca ficasse limpa e saudável. “Arrumada”.

O som de lágrimas caindo no chão. É um som que não precisa de microfone para ser sentido. Quem chora procura consolo. Alguns choram de tristeza, outros de felicidade. Mas quem chora de tristeza se sente lavado. É belo chorar. Cada lágrima que passa pelo rosto, descendo pelas bochechas, a dor se intensificando, a saudade que não passa, as pessoas que fizeram isso a você. O choro de tristeza leva a dois caminhos. Ao ódio ou à tristeza consumada. O ódio leva você ao egoísmo e a prepotência. Leva a uma força. Uma força da solidão interna, só percebida anos depois da mudança. A tristeza consumada lhe leva à introspecção. A introspecção lhe leva à falta de esperança e à falta de confiança nas pessoas ao seu redor.

Chega um momento em que você tem que enfrentar a vida fora dos holofotes, dentro do escuro. Daí você percebe que ninguém nunca está lá por você. Que você faz bem mais pelos outros do que eles fazem por você. Eles nunca ligam de volta. Eles são o numero um para você. Para eles você é o número 15. Você percebe que se doa bem mais pelos outros do que eles merecem. Você mendiga amor. Nenhum ser humano merece isso. Seu sentimento nunca é levado a sério. Nunca. Tudo é brincadeira. Porque no fundo somos crianças querendo a atenção de nossos pais. Tudo o que fazemos deve ser recebido em troca. Somos as mesmas crianças que querem chamar a atenção de nossos pais. Hoje, dos nossos chefes, dos nossos amigos, dos nossos familiares, queremos sempre ser os primeiros em tudo. E até o fim sempre iremos querer algo em troca. Sempre. Lutamos, e lutamos pelo contrário. Alguns travam uma batalha contra a correnteza. Mas a correnteza é forte. Mais forte que qualquer um.

Poucos conseguem nadar contra o rio. Poucos fazem o bem sem querer nada em troca. Poucos querem amizades verdadeiras. Poucos ligam perguntando se você está bem. Poucos fazem esta pergunta querendo realmente saber se você está bem. É como a brincadeira do telefone sem fio. Mas parece sempre que o fio está cortado no telefone daqueles que você tenta alcançar.

A reconstrução é lenta, demorada.

Você quer apenas fechar os olhos, em um pasto verdejante, ter certeza de que nada irá lhe acontecer. Quer deitar na relva, quer que o cajado e o escudo lhe protejam. Você crê nisso, e realmente assim será. Realmente nada lhe faltará se você acreditar Nele.

O ser humano só quer isso, só quer paz.

Ele quer deitar à tarde e sonhar. Ele quer amar. Quer ser correspondido, ele quer ter certeza no que acredita. Quer provar que está certo. Ele quer ter sonhos, e ter chances de concretizar este sonho. Ele não quer dinheiro. Ele apenas quer dinheiro para (chegamos novamente neste ponto) chamar a atenção. Quer ter status. Mas no fundo a cultura nos diz que o dinheiro nos traz felicidade.

 Viu como o ser humano apenas quer a felicidade?

Tudo, ainda bem, gira em torno da felicidade. Tudo o que acontece gira, e com fé, girará em torno da felicidade para sempre. O problema está no caminho que as pessoas escolhem para alcançar suas felicidades.

Todo dia somos operados e cortados. As noites estão ficando cada vez mais curtas mesmo elas possuindo ainda as mesmas horas de antigamente. E quando está de dia temos a sensação da noite. E às vezes queremos dormir. Mas não é de cansaço. Nosso sono é necessidade de proteção. Porque sabemos que no sono ninguém nos machuca. A não ser nós mesmos. No sono somos nós mesmos, tendo tranqüilidade que não temos quando o sol está no céu. Logo, dormiremos 24 horas, de tanta tristeza que o mundo nos oferece.


Dodo.

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