sábado, 9 de junho de 2012

É Tudo Igual




Não preciso dizer como é se sentir,
Nesse mundo tão frio com tantos lugares para ir.

É tentando acertar que eu geralmente erro,
Costumeiramente me acostumei a confundir ouro com ferro.

Me diga onde estou,
E talvez eu possa te dizer onde estamos.

Todos reclamam de mentiras,
Porém todos caem nelas.

Eles dizem que tudo é diferente,
Mas para mim é tudo igual.

O professor desinteressado e o aluno sem motivação.
Ser bom é careta, ser mau é popular.
Ficar nu vende milhões de revistas, livros de filosofia empoeirados na biblioteca.
O jogador de futebol e o pagodeiro atraem os olhares das moças, a modelo e a atriz atraem o olhar dos homens.
O que não for bom o suficiente para ser exibido àqueles que estão ao redor não é bom o suficiente para se ter.
Ninguém quer ser menos que ninguém. Muito menos igual.
Um mínimo motivo bobo é motivo para dar um soco em outra pessoa.

Quando será que perdemos e invertemos tudo?

Dodo.

D




Creio que tu, deveras,
ainda há de se enganar,
pois não se estranhe,
a ponto de me julgar,
quando me veres em silêncio,
meu próprio silêncio contemplar,
às velhas paredes,
com olhos tão intensos, abertos, a olhar,
quando imaginares, que longe de vossas presenças,
eu hei de estar,
falardes de coisas muitas,
pensareis talvez que eu não esteja a lhe escutar.

Quando olhardes em meus olhos,
e os mesmos, sem luz vos desviar,
não penses que estou a fugir,
que atenção em ti, eu não estejas a prestar.
quando reparardes que não consegues,
de modo nenhum me denominar,
peço-lhe fervorosamente,
que nunca estejas a se culpar,
talvez seja esta máscara de hipocrisia,
que eu costumeiramente estou à usar.

Talvez tu não estejas olhando,
para o correto lugar,
desavisado(a), tu talvez
estejas a errar,
olhas para minha face, para maneira como me visto,
vês meu sorriso, à maneira como estou a palhaçar,
como tento fazer-te feliz, como forço-te a sorrir,
a se alegrar,
vês meus atos, como estou sempre a procurar,
fazer-te ver o belo da vida,
ensinar-te a sonhar,
vês como pinto o cinza escuro,
de verde e amarelo a brilhar,
como transformo a dor em calmaria,
a morte em um vivar,
a poça em oceano,
o nada em lugar,
o perdido em achar.

Ora, dessa forma,
força-te a se perguntar:
- Em qual destes,
devo acreditar?
És o mesmo? O que estás sempre a fazer-me,
feliz, sonhar?
O mesmo que vejo, como se aqui não estivesse,
como se não pertencesse a nenhum lugar?

Olhes, leia,
e a resposta, talvez terá.

- A culpa não é minha, sua, de ninguém.
A culpa são dos meus sonhos, maiores do que posso alcançar.
A culpa é da perfeição que almejo,
que nunca me leva a nenhum lugar.
A culpa é da maneira como vejo,
que nunca está a me agradar.
A culpa é dos meus desejos,
que nunca estou a saciar.
A culpa é deste papel e caneta,
que estão sempre a me perfurar,
cada linha escrita, representa uma lágrima caída,
meu coração a sangrar,
mas se não for por aqui,
como irei me descobrir, me destrinchar?

Talvez, se olhares direito,
sei que não há de se enganar,
o problema é que sou muito pequeno,
fraco, omisso, hipócrita
para o que tenho dentro de mim,
que aqui está a bater, a pulsar.

Acaso poderia uma simples pedra,
guardar dentro si todo tamanho do universo, toda a água do mar?
Então como posso eu,
guardar isto que está sempre a me angustiar, desanimar,
a me matar!
Como posso ter tudo isso,
explodindo aqui,
isso, que meu coração estás a guardar?

Existem coisas que somente o silêncio pode contemplar.

Dodo.

A Perfeição




A perfeição não me pertence,
embora a busque,
nunca tenho-me por satisfeito.

Sou ser fraco,
que hora ou outra,
pego-me sucumbido pelas trevas,
que me levam à uma ilha de tristezas.

Ninguém é alguém,
tudo se torna igual,
desmerecido fico,
assim como enxergo.

As injustiças se mostram claras,
a desigualdade também.
A mediocridade das pessoas se forma aparente,
e as idiotices também.
Tudo o que era mais,
graças à escuridão,
seja de minha visão, de minha alma ou de meu coração,
se torna menos.

O dia passa,
e a noite mais uma vez se faz,
tão rapidamente quanto se desfaz.
Pertenço à ela, tão somente nela encontro meu lugar.

Mas o dia vem,
e caído, o que era grande se torna pequeno,
e o valor do pequeno se torna grande.

O raio de sol outrora vespertino,
parece luzir calmamente pela volta que cobre meu caminho,
e daí é perspicaz a aparência do quão embaixo estou,
e onde fui parar quando pensei ter me encontrado.

E é graças à queda,
que consigo me erguer,
pensando no impossível.

Sem energia alguma, sem rumo,

É que consigo empreender-me novamente na busca de minha perfeição.

Dodo.