terça-feira, 6 de setembro de 2011

A Batalha do Seu Amor




Para lutar nesta batalha,
Por ti, para chegar até você,
Vesti-me de minha melhor armadura,
Cobri-me com minha malha da inspiração,
Minha espada era uma folha de caderno,
Meu escudo era meu sentimento,
Revestido pelos meus sonhos,
Trajei-me deste desejo,
E por um tempo,
Senti-me preparado e invencível.

A sensação era de que,
Quando eu entrasse na arena de batalha,
A qual denominavam chamar de “Seu Coração”,
Nada poderia me deter.

Coloquei meu elmo,
A coragem de um querer,
O qual não era nem um pouco leve,
Subi no cavalo da pureza de minha vontade de querer te ter em minha vida,
E cavalguei rumo ao meu destino.

Decidi ir rápido,
Nada poderia me derrotar,
Com tudo o que eu possuía,
Como poderia sequer um arranhão levar?

(Ao menos assim quis acreditar).

Foi sem parar,
Que eu cheguei, de uma só vez,
Como mais eu poderia atacar,
Com tudo o de mais forte que eu possuía?

A batalha foi terrível,
Mas eu estava protegido,
Só não previa que aquele enorme muro estivesse erguido no meio do caminho que eu sonhei tantas noites trilhar,
O caminho florido que no final seu coração havia de estar.

Meus ataques e defesas foram perfeitos,
Tudo foi perfeito e a tudo pude prever,
Menos aquela flecha,
Não sei como não pude me defender.

A tudo protegi, menos o que me guiava,
E aquela flecha certeira atingiu bem lá,
Seca, rápida, calculada,
Transpassou meu coração.

Tive de simplesmente bater em retirada,
Estava ferido, o que mais eu poderia fazer?
Não havia como perder, mas aquela flecha conseguiu.
Sangrando, aos poucos fui deixando pelo caminho tudo o que me tornava forte, minha armadura, minha malha, minha espada, meu escudo e meu elmo.
Até meu cavalo me deixou.

Me isolei, e o único caminho que encontrei foi o da floresta do silêncio.
Lá as árvores da dor crescem uma vez por dia, principalmente de noite. Dão frutos e mais frutos, e deles fui obrigado a me alimentar por muito tempo. Os que mais crescem por lá são os frutos da decepção, tristeza e negação.
O incrível é que não é preciso colhê-los, eles caem das árvores direto aos seus pés, e não há outros alimentos além destes.

Foi difícil, foi duro.
Toda noite meu coração acertado doía.
Eu olhava ao fundo, por onde vim, e de onde estava conseguia ver o muro que me separava do desejo puro de meu sentimento.

Foi difícil, foi duro,
Foi em uma noite de sexta-feira que eu saí dali.
Recuperado?
Olhei meu peito e nele havia uma cicatriz.

(Que guerreiro não possui cicatrizes de batalha?)

Havia passado tanto tempo dentro da floresta, que já tinha me esquecido de como o sol era bonito. Ou o sol não batia antes lá onde eu estava. Não sei dizer.
Minha espada estava lá, no chão, a grama havia coberto ela. Peguei-a, olhei-a calmamente. A luz do sol bateu sobre ela e seu reflexo reluziu em meus olhos e a pequena imagem de um muro fez-se surgir nela.
Olhei para o lado e lá no horizonte estava.
Alta, forte, distante.
Foi olhando para ela que pensei:

“Eu não perdi,
Pois guerreiros só são derrotados quando morrem,
E eu ainda não morri.

O que me entristece,
É saber que tudo está errado,
Que eu tinha tudo para ganhar,
Mas acabei derrotado.

De todas as lutas que enfrentei,
Essa é a que mais me causou dor,
Quando eu entrei nessa guerra,
Na batalha do seu amor.”

Dodo.

Um comentário: