Creio que tu, deveras,
ainda há de se enganar,
pois não se estranhe,
a ponto de me julgar,
quando me veres em silêncio,
meu próprio silêncio contemplar,
às velhas paredes,
com olhos tão intensos, abertos, a olhar,
quando imaginares, que longe de vossas presenças,
eu hei de estar,
falardes de coisas muitas,
pensareis talvez que eu não esteja a lhe escutar.
Quando olhardes em meus olhos,
e os mesmos, sem luz vos desviar,
não penses que estou a fugir,
que atenção em ti, eu não estejas a prestar.
quando reparardes que não consegues,
de modo nenhum me denominar,
peço-lhe fervorosamente,
que nunca estejas a se culpar,
talvez seja esta máscara de hipocrisia,
que eu costumeiramente estou à usar.
Talvez tu não estejas olhando,
para o correto lugar,
desavisado(a), tu talvez
estejas a errar,
olhas para minha face, para maneira como me visto,
vês meu sorriso, à maneira como estou a palhaçar,
como tento fazer-te feliz, como forço-te a sorrir,
a se alegrar,
vês meus atos, como estou sempre a procurar,
fazer-te ver o belo da vida,
ensinar-te a sonhar,
vês como pinto o cinza escuro,
de verde e amarelo a brilhar,
como transformo a dor em calmaria,
a morte em um vivar,
a poça em oceano,
o nada em lugar,
o perdido em achar.
Ora, dessa forma,
força-te a se perguntar:
- Em qual destes,
devo acreditar?
És o mesmo? O que estás sempre a fazer-me,
feliz, sonhar?
O mesmo que vejo, como se aqui não estivesse,
como se não pertencesse a nenhum lugar?
Olhes, leia,
e a resposta, talvez terá.
- A culpa não é minha, sua, de ninguém.
A culpa são dos meus sonhos, maiores do que posso alcançar.
A culpa é da perfeição que almejo,
que nunca me leva a nenhum lugar.
A culpa é da maneira como vejo,
que nunca está a me agradar.
A culpa é dos meus desejos,
que nunca estou a saciar.
A culpa é deste papel e caneta,
que estão sempre a me perfurar,
cada linha escrita, representa uma lágrima caída,
meu coração a sangrar,
mas se não for por aqui,
como irei me descobrir, me destrinchar?
Talvez, se olhares direito,
sei que não há de se enganar,
o problema é que sou muito pequeno,
fraco, omisso, hipócrita
para o que tenho dentro de mim,
que aqui está a bater, a pulsar.
Acaso poderia uma simples pedra,
guardar dentro si todo tamanho do universo, toda a água do mar?
Então como posso eu,
guardar isto que está sempre a me angustiar, desanimar,
a me matar!
Como posso ter tudo isso,
explodindo aqui,
isso, que meu coração estás a guardar?
Existem coisas que somente o silêncio pode contemplar.
Dodo.
ainda há de se enganar,
pois não se estranhe,
a ponto de me julgar,
quando me veres em silêncio,
meu próprio silêncio contemplar,
às velhas paredes,
com olhos tão intensos, abertos, a olhar,
quando imaginares, que longe de vossas presenças,
eu hei de estar,
falardes de coisas muitas,
pensareis talvez que eu não esteja a lhe escutar.
Quando olhardes em meus olhos,
e os mesmos, sem luz vos desviar,
não penses que estou a fugir,
que atenção em ti, eu não estejas a prestar.
quando reparardes que não consegues,
de modo nenhum me denominar,
peço-lhe fervorosamente,
que nunca estejas a se culpar,
talvez seja esta máscara de hipocrisia,
que eu costumeiramente estou à usar.
Talvez tu não estejas olhando,
para o correto lugar,
desavisado(a), tu talvez
estejas a errar,
olhas para minha face, para maneira como me visto,
vês meu sorriso, à maneira como estou a palhaçar,
como tento fazer-te feliz, como forço-te a sorrir,
a se alegrar,
vês meus atos, como estou sempre a procurar,
fazer-te ver o belo da vida,
ensinar-te a sonhar,
vês como pinto o cinza escuro,
de verde e amarelo a brilhar,
como transformo a dor em calmaria,
a morte em um vivar,
a poça em oceano,
o nada em lugar,
o perdido em achar.
Ora, dessa forma,
força-te a se perguntar:
- Em qual destes,
devo acreditar?
És o mesmo? O que estás sempre a fazer-me,
feliz, sonhar?
O mesmo que vejo, como se aqui não estivesse,
como se não pertencesse a nenhum lugar?
Olhes, leia,
e a resposta, talvez terá.
- A culpa não é minha, sua, de ninguém.
A culpa são dos meus sonhos, maiores do que posso alcançar.
A culpa é da perfeição que almejo,
que nunca me leva a nenhum lugar.
A culpa é da maneira como vejo,
que nunca está a me agradar.
A culpa é dos meus desejos,
que nunca estou a saciar.
A culpa é deste papel e caneta,
que estão sempre a me perfurar,
cada linha escrita, representa uma lágrima caída,
meu coração a sangrar,
mas se não for por aqui,
como irei me descobrir, me destrinchar?
Talvez, se olhares direito,
sei que não há de se enganar,
o problema é que sou muito pequeno,
fraco, omisso, hipócrita
para o que tenho dentro de mim,
que aqui está a bater, a pulsar.
Acaso poderia uma simples pedra,
guardar dentro si todo tamanho do universo, toda a água do mar?
Então como posso eu,
guardar isto que está sempre a me angustiar, desanimar,
a me matar!
Como posso ter tudo isso,
explodindo aqui,
isso, que meu coração estás a guardar?
Existem coisas que somente o silêncio pode contemplar.
Dodo.
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